A segunda parte dos artigos concebidos pelo Prof. Laureano dedicados à temática do ensino do jogo no minibasquete encontra-se presente na edição nº 51 do nosso jornal.
Foto: Planeta Basket |
Também o Planeta Basket disponibiliza esse conteúdo.
Veja no interior do nosso jornal, ou a primeira e segunda parte no Planeta Basket.
Pode também clicar abaixo em "Ler Mais..." para ver os dois artigos por inteiro.
Parte I
O ensino do Minibasquete difere de treinador para treinador e de clube para clube.
Costuma dizer-se que “cada cabeça sua sentença” mas o fundamental é que se obtenham resultados na evolução das crianças, seguindo um outro caminho. É importante que tenhamos confiança, acreditando no que fazemos, quer se trate de métodos ou de simples exercícios.
Para a criança o Minibasquete deve ser fonte de prazer e de divertimento, não só pelo jogo em si mas também, pelo convívio com os amigos da sua idade e o “amigo” maior o seu treinador.
Um outro objectivo importante do Minibasquete é poder contribuir para o desenvolvimento integral e harmónico de cada criança.
Para mim, o Minibasquete como jogo colectivo pressupõe que todos os praticantes tenham as mesmas hipóteses de terem em seu poder a bola, para executarem qualquer dos gestos técnicos – drible, lançamento ou passe.
O ensino destes gestos técnicos poderá seguir esta ordem ou outra, sabendo naturalmente que pelo egocentrismo característicos destes escalões etários, o drible e o lançamento são aqueles que mais monopolizam a atenção dos pequenos atletas e poderão ser os primeiros a serem ensinados separadamente e associados de forma a aproximarem-se da realidade do jogo.
Contudo, para mim, no ensino do jogo propriamente privilegio o passe, de forma a torná-lo mais colectivo e a permitir que todos tenham as mesmas hipóteses na sua prática. Assim, procuro em situações numéricas de 1x1, com apoio do treinador (passador), 2x2 e 3x3, que o jogador com bola, tenha sempre a possibilidade de olhar e ver se tem um companheiro ou treinador à sua frente a quem possa passar e de seguida correr (cortar) para a frente, respeitando distâncias, que lhe permitam receber novamente.
Se o jogador com bola não tem nenhuma possibilidade de passe à sua frente, porque os companheiros estão marcados ou porque se encontra mais adiantado, deve driblar para se aproximar do cesto e lançar. Se quando recebe a bola se encontra junto ao cesto a sua preocupação deve ser a de lançar.
Numa fase posterior e mais próxima da passagem aos Sub 14 e, quando o grupo o permite, procuro que o jogador com bola, resultante, por exemplo, de um ressalto na sua tabela, que procure um companheiro à sua frente, preferencialmente numa posição lateral, para um primeiro passe e de seguida corra para a frente.
O jogador que recebe o primeiro passe (qualquer que ele seja, o objectivo é que todos aprendam a conduzir a bola), se tem o caminho livre pode driblar mas sem deixar de ter em vista o passe ao companheiro melhor colocado.
Penso que, no Minibasquete não devemos começar a especializar os atletas para determinada função que, no futuro possam vir a desempenhar, mas sim, permitir a todos que desenvolvam as suas capacidades, enriquecendo a sua bagagem de potencialidades para mais tarde, em função das suas características físicas, técnicas e tácticas poderem ser jogadores mais completos no desempenho de qualquer posição (base, extremo ou poste).
Parte II
Penso abordar proximamente o tema “Trabalho de Desmarcação” e, em função disso, parece-me que devo voltar ao tema apresentado em “Bola ao Cesto”, na edição n.º 50, sobre o Ensino do Jogo no Minibasquete, desenvolvendo aspetos não focados na altura e, alguns dos quais poderão ter relação com o tema futuro.
Como sabemos o jogo de Mini, resolvi- dos os problemas da aglomeração junto da bola, caracteriza-se pelo ritmo vivo, de permanente correrias, onde numa 1ª fase, não lhe poderemos chamar de contra-ataque, em virtude da maneira desorganizada como acontece, em que o portador da bola com ou sem companheiros desmarcados se limita a driblar para se aproximar do cesto e lançar mas, muitas vezes, esse drible surge para o lado “livre”, mesmo que na direção da sua tabela ou para o lado para onde está virado.
O jogo passa a ser mais organiza- do e, como gosto de ensinar, quando o jogador com bola procura um companheiro desmarcado à sua frente a quem passar e corre para a frente para eventualmente voltar a receber. Para que isto aconteça devemos, sobretudo no Mini 8, impedir que “roubem” a bola da mão de qualquer jogador (regra que colocamos). Isto permite que qualquer jogador com bola não tenha receio que lhe “roubem” a bola e, assim possa aprender a “ler o jogo”, para decidir se deve passar a um companheiro à sua frente, se deve driblar se não tem companheiros à frente ou se estiver perto do cesto lançar.
Logo que esteja automatizado nestes jogadores o procurarem enquadrar-se no campo e com o cesto, passamos a uma fase, em que o defensor pode “roubar” a bola mas apenas quando o jogador está em drible e ela não se encontra em contacto com o atacante. Aqui trabalhamos dois aspetos importantes para o atacante: aprender a driblar protegendo a bola, quer quando está parado (drible de proteção), quer quando está em movimento (drible de progressão). Para o defensor: aprender o momento para tentar o “roubo” da bola.
Quer quando não permitimos em nenhum caso que “roubem” a bola, quer quando autorizamos apenas no drible, surgem naturalmente infrações às regras que estipulámos e, para aumentarmos a confiança ao atacante, devemos sempre “penalizar” o defensor, devolvendo a bola à equipa que atacava.
Poderão alguns perguntar, porque privilegiamos, neste período, o atacante. A resposta tem a ver duas realidades muito claras:
1º - Se o jogador estiver com receio que lhe “roubem” a bola, não se enquadra com o cesto e, em muitas ocasiões procura livrar-se da bola, atirando-a para qualquer lado, até para as mãos dos jogadores da outra equipa;
2º - Se a incidência da nossa atenção se dirigisse para a defesa, provavelmente, não haveria jogo e talvez o prazer de ter a bola e de a introduzir no cesto não se cimentasse e o abandono prematuro das crianças seria maior.
Acho que o momento oportuno para o “roubo” da bola no drible deve acontecer no Mini 10 ou ainda no Mini 8, sempre de acordo com o nível dos atletas. No Mini 12 permitimos que a bola seja “roubada” ao atacante sempre que a ocasião se proporcione. Desta forma, jogadores mais confiantes vão agora ter que continuar a aprender a proteger a bola e a ter uma atitude mais agressiva ofensivamente, que os leva a partir dessa proteção da bola a terem três opções: passe, lançamento ou drible (tripla ameaça).
Nesta fase, com alguns conceitos adquiridos podemos ter um contra-ataque perfeitamente definido com os jogadores a ocuparem 3 corredores (central e laterais) e a imprimirem um ritmo dinâmico ao jogo.
A maioria dos jogos de Minibasquete joga-se permanentemente a altas rotações, num e noutro sentido.
Há medida que começamos a dar mais ênfase à defesa, surge a necessidade de o jogo ser organizado de outra maneira, onde damos especial atenção à condução da bola (se a defesa não nos permite jogar sistematicamente em contra-ataque), e no Mini achamos que todos devem estar em condições de o fazer.
No meu caso, gosto que, por exemplo, após o ressalto defensivo, quem recupera a bola, faça um 1º passe lateral e para a frente, podendo ser este jogador a conduzir a bola, se não tem joga- dores livres à sua frente (sempre que existam, prefiro o passe, pela velocidade de aproximação da bola ao cesto da outra equipa).
Dizia no início deste artigo, da relação com o tema da desmarcação que penso abordar seguidamente e a razão disso prende-se com o facto de, quer jogando em contra-ataque haver a necessidade de ocupação dos corre- dores, quer num jogo mais controlado através da condução da bola em drible, os outros jogadores já terem aprendido vários conceitos relevantes, como sejam: a necessidade de procurarem estar à frente do portador da bola, do afastamento deste numa distância de 3/4/5 metros, que lhe possibilitem receber, da colocação à direita e à esquerda da bola, para permitir mais opões de passe e de estarem libertos de marcação para poderem receber. Estes conceitos muito simples, estão na minha opinião, diretamente relacionados com o “Trabalho de Desmarcação”.
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Parte I
O ensino do Minibasquete difere de treinador para treinador e de clube para clube.
Costuma dizer-se que “cada cabeça sua sentença” mas o fundamental é que se obtenham resultados na evolução das crianças, seguindo um outro caminho. É importante que tenhamos confiança, acreditando no que fazemos, quer se trate de métodos ou de simples exercícios.
Para a criança o Minibasquete deve ser fonte de prazer e de divertimento, não só pelo jogo em si mas também, pelo convívio com os amigos da sua idade e o “amigo” maior o seu treinador.
Um outro objectivo importante do Minibasquete é poder contribuir para o desenvolvimento integral e harmónico de cada criança.
Para mim, o Minibasquete como jogo colectivo pressupõe que todos os praticantes tenham as mesmas hipóteses de terem em seu poder a bola, para executarem qualquer dos gestos técnicos – drible, lançamento ou passe.
O ensino destes gestos técnicos poderá seguir esta ordem ou outra, sabendo naturalmente que pelo egocentrismo característicos destes escalões etários, o drible e o lançamento são aqueles que mais monopolizam a atenção dos pequenos atletas e poderão ser os primeiros a serem ensinados separadamente e associados de forma a aproximarem-se da realidade do jogo.
Contudo, para mim, no ensino do jogo propriamente privilegio o passe, de forma a torná-lo mais colectivo e a permitir que todos tenham as mesmas hipóteses na sua prática. Assim, procuro em situações numéricas de 1x1, com apoio do treinador (passador), 2x2 e 3x3, que o jogador com bola, tenha sempre a possibilidade de olhar e ver se tem um companheiro ou treinador à sua frente a quem possa passar e de seguida correr (cortar) para a frente, respeitando distâncias, que lhe permitam receber novamente.
Se o jogador com bola não tem nenhuma possibilidade de passe à sua frente, porque os companheiros estão marcados ou porque se encontra mais adiantado, deve driblar para se aproximar do cesto e lançar. Se quando recebe a bola se encontra junto ao cesto a sua preocupação deve ser a de lançar.
Numa fase posterior e mais próxima da passagem aos Sub 14 e, quando o grupo o permite, procuro que o jogador com bola, resultante, por exemplo, de um ressalto na sua tabela, que procure um companheiro à sua frente, preferencialmente numa posição lateral, para um primeiro passe e de seguida corra para a frente.
O jogador que recebe o primeiro passe (qualquer que ele seja, o objectivo é que todos aprendam a conduzir a bola), se tem o caminho livre pode driblar mas sem deixar de ter em vista o passe ao companheiro melhor colocado.
Penso que, no Minibasquete não devemos começar a especializar os atletas para determinada função que, no futuro possam vir a desempenhar, mas sim, permitir a todos que desenvolvam as suas capacidades, enriquecendo a sua bagagem de potencialidades para mais tarde, em função das suas características físicas, técnicas e tácticas poderem ser jogadores mais completos no desempenho de qualquer posição (base, extremo ou poste).
Parte II
Penso abordar proximamente o tema “Trabalho de Desmarcação” e, em função disso, parece-me que devo voltar ao tema apresentado em “Bola ao Cesto”, na edição n.º 50, sobre o Ensino do Jogo no Minibasquete, desenvolvendo aspetos não focados na altura e, alguns dos quais poderão ter relação com o tema futuro.
Como sabemos o jogo de Mini, resolvi- dos os problemas da aglomeração junto da bola, caracteriza-se pelo ritmo vivo, de permanente correrias, onde numa 1ª fase, não lhe poderemos chamar de contra-ataque, em virtude da maneira desorganizada como acontece, em que o portador da bola com ou sem companheiros desmarcados se limita a driblar para se aproximar do cesto e lançar mas, muitas vezes, esse drible surge para o lado “livre”, mesmo que na direção da sua tabela ou para o lado para onde está virado.
O jogo passa a ser mais organiza- do e, como gosto de ensinar, quando o jogador com bola procura um companheiro desmarcado à sua frente a quem passar e corre para a frente para eventualmente voltar a receber. Para que isto aconteça devemos, sobretudo no Mini 8, impedir que “roubem” a bola da mão de qualquer jogador (regra que colocamos). Isto permite que qualquer jogador com bola não tenha receio que lhe “roubem” a bola e, assim possa aprender a “ler o jogo”, para decidir se deve passar a um companheiro à sua frente, se deve driblar se não tem companheiros à frente ou se estiver perto do cesto lançar.
Logo que esteja automatizado nestes jogadores o procurarem enquadrar-se no campo e com o cesto, passamos a uma fase, em que o defensor pode “roubar” a bola mas apenas quando o jogador está em drible e ela não se encontra em contacto com o atacante. Aqui trabalhamos dois aspetos importantes para o atacante: aprender a driblar protegendo a bola, quer quando está parado (drible de proteção), quer quando está em movimento (drible de progressão). Para o defensor: aprender o momento para tentar o “roubo” da bola.
Quer quando não permitimos em nenhum caso que “roubem” a bola, quer quando autorizamos apenas no drible, surgem naturalmente infrações às regras que estipulámos e, para aumentarmos a confiança ao atacante, devemos sempre “penalizar” o defensor, devolvendo a bola à equipa que atacava.
Poderão alguns perguntar, porque privilegiamos, neste período, o atacante. A resposta tem a ver duas realidades muito claras:
1º - Se o jogador estiver com receio que lhe “roubem” a bola, não se enquadra com o cesto e, em muitas ocasiões procura livrar-se da bola, atirando-a para qualquer lado, até para as mãos dos jogadores da outra equipa;
2º - Se a incidência da nossa atenção se dirigisse para a defesa, provavelmente, não haveria jogo e talvez o prazer de ter a bola e de a introduzir no cesto não se cimentasse e o abandono prematuro das crianças seria maior.
Acho que o momento oportuno para o “roubo” da bola no drible deve acontecer no Mini 10 ou ainda no Mini 8, sempre de acordo com o nível dos atletas. No Mini 12 permitimos que a bola seja “roubada” ao atacante sempre que a ocasião se proporcione. Desta forma, jogadores mais confiantes vão agora ter que continuar a aprender a proteger a bola e a ter uma atitude mais agressiva ofensivamente, que os leva a partir dessa proteção da bola a terem três opções: passe, lançamento ou drible (tripla ameaça).
Nesta fase, com alguns conceitos adquiridos podemos ter um contra-ataque perfeitamente definido com os jogadores a ocuparem 3 corredores (central e laterais) e a imprimirem um ritmo dinâmico ao jogo.
A maioria dos jogos de Minibasquete joga-se permanentemente a altas rotações, num e noutro sentido.
Há medida que começamos a dar mais ênfase à defesa, surge a necessidade de o jogo ser organizado de outra maneira, onde damos especial atenção à condução da bola (se a defesa não nos permite jogar sistematicamente em contra-ataque), e no Mini achamos que todos devem estar em condições de o fazer.
No meu caso, gosto que, por exemplo, após o ressalto defensivo, quem recupera a bola, faça um 1º passe lateral e para a frente, podendo ser este jogador a conduzir a bola, se não tem joga- dores livres à sua frente (sempre que existam, prefiro o passe, pela velocidade de aproximação da bola ao cesto da outra equipa).
Dizia no início deste artigo, da relação com o tema da desmarcação que penso abordar seguidamente e a razão disso prende-se com o facto de, quer jogando em contra-ataque haver a necessidade de ocupação dos corre- dores, quer num jogo mais controlado através da condução da bola em drible, os outros jogadores já terem aprendido vários conceitos relevantes, como sejam: a necessidade de procurarem estar à frente do portador da bola, do afastamento deste numa distância de 3/4/5 metros, que lhe possibilitem receber, da colocação à direita e à esquerda da bola, para permitir mais opões de passe e de estarem libertos de marcação para poderem receber. Estes conceitos muito simples, estão na minha opinião, diretamente relacionados com o “Trabalho de Desmarcação”.
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